Embora existam imprecisões na historia do santo mártir,
sabe-se que, em 286 EC, ele era capitão da guarda pessoal e homem de
confiança do imperador romano Diocleciano, mesmo sendo cristão convicto e
confesso (alguns, por isso e outros motivos, acreditam que eles eram
amantes). Denunciado por manter conduta branda com prisioneiros
cristãos, foi condenado à morte com flechadas, com a intenção de
prolongar ao máximo seu sofrimento. Diz a tradição que foi socorrido e
curado por Santa Irene.
Assim que se recuperou, se apresentou
diante do imperador para censurá-lo por sua crueldade com os cristãos.
Diocleciano mandou que seus guardas o espancassem ate a morte, o que
ocorreu no dia 20 de janeiro de 288.
Os simbolismos da historia do santo – um
homem perseguido, martirizado e condenado à morte por assumir a sua
condição (de cristão) – acabaram por influenciar vários celebres
artistas homossexuais ao longo dos dois últimos séculos, que se
apropriaram tanto da historia quanto da imagem de São Sebastião (leia-se
as iconografias andróginas feitas por artistas renascentistas) para
criar uma auto-imagem, uma referencia gay universal. Entre eles, Oscar
Wilde, Federico Garcia Lorca, Rainer Maria Rilke, Thomas Mann, Yukio
Mishima e Jean Cocteau.
Nas ultimas décadas, com a organização e
crescimento de movimentos GLBT, São Sebastião acabou sendo adotado por
homossexuais do mundo inteiro, e hoje ate a cultura popular o reconhece
como “santo padroeiro dos gays”.
As Uniões Homossexuais
Segundo o historiador Boswell, a união
entre duas pessoas do mesmo sexo era comum na Europa cristã até meados
do século XIV. E a Igreja Católica da época não só aceitava os casais
homossexuais como também celebrava a união. Na oração de bênção
utilizada na cerimônia são citados os apóstolos Felipe e Bartolomeu,
acrescentando outra evidencia à forte tradição (ou lenda), que existe
desde o inicio do cristianismo, segundo o qual eles formavam um casal.
Vejamos abaixo:
“Ó Senhor, nosso Deus e governante, que fizeste a humanidade à Sua imagem e semelhança, e lhe destes o poder da vida eterna que aprovastes quando seus santos e apóstolos Felipe e Bartolomeu se uniram, juntos em par, pela lei da natureza e pela comunhão do Espirito Santo, e que também aprovastes a união dos seus santos, mártires, Sérgio e Baco, benditos também a estes servidores (…), unidos em casal pela natureza e pela fidelidade. Permita, Senhor, que eles amem um ao outro, sem ódio, e possam continuar juntos sem causar escândalo, todos os dias de suas vidas, com ajuda da Santa Mãe de Deus e de todos os seus Santos, porque Tu és o poder e o reino e a gloria, Pai, Filho e Espírito Santo”.
Para mais referencias sobre o assunto, vejam em Homossexualidade na Igreja – Uma Tradição Medieval. E em relação à Igreja e os Gays, cliquem aqui para ver um verbete o Wikipédia sobre o tema.
Em minha opinião, se os homossexuais
soubessem que tais casamentos homoafetivos eram realizados pela ICAR até
o século XIV conforme alega Boswell, eles teriam um motivo histórico e
politico muito forte para lutarem por seus direitos e desmoralizar a
posição homofóbica da Igreja Católica, além de inúmeras seitas do
protestantismo evangélico. É uma pena que o livro de Boswell não esteja
disponível em português aqui no Brasil, creio que seria uma leitura
muito interessante.
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