Dramaturgia e família
Em plena “fase de curtição”, como nomeia, Serginho não descarta a possibilidade de encontrar a química certa para namorar. Estou saindo bastante e trabalhando muito, não tenho muito tempo. Mas até posso namorar se achar a pessoa – para gay tudo é mais intenso. Um dia pretendo casar, constituir família”, adianta. Já nos planos profissionais, está a carreira de ator. “Quero fazer personagens em novelas, e não só interpretar a mim mesmo. Faria de tudo pelo papel: cortaria e pintaria cabelo, encarnaria um homem, mudaria tudo”, diz.Em busca de uma escola de teatro, ele também cuida do visual com malhação dos membros inferiores três vezes por semana e tratamentos estéticos. “Cuido muito de mim. Tem quem me ache fútil, mas apesar da estética, tenho conteúdo. Sei conversar, me portar, viver... Sou formado, gosto de ler e de estar sempre me atualizando”, defende-se.
Mas na hora do "carão", a inspiração vem de Paris Hilton. Com os olhos verdes - conseguidos por lente de contato - bem delineados, boca realçada por gloss da MAC e vestidinho de paetês sobre short de couro, ele tenta o melhor ângulo do 1,78 m de altura, esculpido com malhação, cremes, massagens, depilação e tudo a que uma menina tem direito."Jamais usaria saia ou vestido, corpete ou calcinha", diz Serginho, deixando claro que sua intenção não é ser mulher. "Sou definido com minha personalidade. Odiaria ter a voz fina e peito, e nem operaria (o órgão masculino)", completa, arrumando o franjão platinado em 20 sessões de luzes.
 Muito questionado sobre seu estilo de se vestir e gênero, o designer de moda de 22 anos trata logo de esclarecer. "Considero-me andrógino, oscilo entre homem e mulher. Mas muitos ignorantes acham que, por eu usar salto alto, sou travesti", diz. “A forma de se vestir não muda sua sexualidade, em pleno século XXI não é possível que as pessoas ainda se reprimam”, acrescenta.
Apesar de aparecer cada vez mais feminino desde que saiu do “BBB 10”, Serginho afirma que sempre se vestiu de forma alternativa e se portou como menina, desde os 14 anos.

“No programa eu não quis levar muita ‘montação’, porque estava lá para me entender e me descobrir. Quis ir cru, o mais puro possível, sem nenhuma identificação”, justifica.
Segundo ele, a decisão não foi por medo de sofrer preconceito ou não ser bem aceito. “Eu já era popular na Internet, falava de moda em programas de TV, colunas de revista. Me vestia e fazia as mesmas coisas que agora, já tinha até usado cabelo comprido colorido”, lembra. “Mas claro que usei a fama para mostrar que podemos ser e fazer o que queremos”, emenda.A popularidade conseguida pelo “único BBB diferente de todas as edições”, como define, fez com que o paulistano levantasse ainda mais alto a bandeira da liberdade. “Mesmo vindo de família tradicional, sempre me assumi como sou. Muita gente que era reprimida vem me agradecer por isso. Depois que mostrei que menino pode usar salto, vários gays passaram a usar também, e fiquei feliz por isso”, conta.Com sua autenticidade, ele acabou conquistando o respeito e admiração dos brasileiros. “Saio quatro vezes por semana, e sempre me aplaudem. Não por eu ser Serginho do 'BBB', mas pela minha proposta”, garante, explicando a fórmula. “É muito difícil me ofenderem, não me afeto. Sou egocêntrico nesse sentido: aprendi a ter uma barreira contra o que pensam de mim. Isso faz com eu não sofra e nem chore por esse tipo de coisa”, ensina.