A androginia parece seduzir principalmente os jovens e por isso a música popular moderna a explora muito. Astros como o inglês David Bowie, o americano Michael Jackson, a jamaicana Grace Jones, o americano Prince, a irlandesa Sinéad O’Connor ou o inglês Boy George, entre numerosos outros, são exemplos expressivos. O poeta e crítico literário Affonso Romano de Sant’Anna, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro, julga o cantor e compositor Ney Matogrosso e seu grupo Secos & Molhados, da década de 70, precursores da onda musical andrógina no Brasil. “Matogrosso recuperou a tradição do cantor contralto medieval”, explica Sant’Anna.
O antropólogo Luiz Mott, professor da Universidade Federal da Bahia e presidente do Grupo Gay da Bahia, lembra que a música contemporânea expõe de maneira evidente sua face andrógina. “Muitos artistas são homossexuais e vivenciam certa androginia psicológica. Como são ricos e poderosos, exteriorizam livremente a condição por meio de roupas, adereços e penteados.” Mas nem sempre o compositor é homossexual. O baiano Gilberto Gil cantou a androginia em Superhomem - a canção, de 1979: “Um dia/vivi a ilusão/de que ser homem bastaria/...que nada/minha porção mulher/...é a porção melhor/...é a que me faz viver”. Ou Pepeu Gomes, heterossexual, na música Masculino/feminino, de 1984: “Ser um homem feminino/ não fere o meu lado masculino”.
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